A importância do Psicodrama com mulheres diagnosticadas com Câncer de mama
O Psicodrama auxilia mulheres com câncer de mama a ressignificarem o adoecimento, estimulando espontaneidade, autoconhecimento e participação ativa no tratamento.
Autor:
Andrielle Gricolo
Data
9 de out. de 2025
“O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida.”
— Cicely Saunders
Câncer de Mama e Impactos Emocionais
Kübler-Ross (1998) descreve que o diagnóstico do câncer pode ser considerado como um processo de luto, gerando reações de negação, raiva, depressão, barganha e aceitação.
O acolhimento e o acesso a informações pertinentes ao tratamento proporcionam mais calma e maior tranquilidade ao paciente para iniciar o novo processo, deixando-o mais consciente de que também a autoajuda seria fundamental (Kübler-Ross, 1998).
De acordo com Silva (2008), o sofrimento psicológico da mulher que passa pela circunstância de ter um câncer de mama e um tratamento difícil, principalmente a mastectomia, transcende ao sofrimento que a própria doença por si causa.
É um sofrimento que permite representações e significados atribuídos à doença ao longo da história e da cultura, e adentra as dimensões das propriedades do ser feminino, interferindo nas relações interpessoais, principalmente nas mais íntimas e básicas da mulher (Silva, 2008).
Considerar estes aspectos nas propostas de atenção à mulher com câncer de mama é mais que necessário: é indispensável.
Principalmente para que seja realizada uma assistência de qualidade a essa mulher diante dessa situação tão difícil.
🎭 Psicodrama e Câncer de Mama
O papel do psicólogo atuante na psico-oncologia tem como objetivo identificar e compreender os fatores emocionais que impactam na saúde do paciente, assim como clarear estes aspectos para o indivíduo.
Outros objetivos do trabalho desse profissional são prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pelo câncer e seus tratamentos, levar o paciente a compreender o significado da experiência do adoecer, possibilitando assim ressignificações desse processo (Gimenez, 1997).
Durante a vida, toda pessoa está suscetível ao adoecimento, tanto físico quanto emocional.
Muitas vezes, quando isso ocorre, ela também adoece quanto ao desempenho de seus papéis, passando a desenvolvê-los sem espontaneidade e criatividade (Moreno, 1978).
Surge daí, então, a necessidade de se adaptar ao novo momento dessa vida, com esse desconhecido, sem ficar paralisada ou indiferente.
Há, portanto, que reaprender a responder à vida.
🎭 A Contribuição das Técnicas Psicodramáticas
A utilização de técnicas psicodramáticas estimula a criatividade e o desempenho de papéis na sociedade.
Assim, o conceito de papel é extensivo a todas as dimensões da vida.
É empregado para abordar a situação do nascimento, perpassando toda a existência no que se refere à experiência individual e também à participação do indivíduo na sociedade.
A teoria de papéis situa-se no conjunto da teoria moreniana, que sempre se refere ao homem em situação, imerso no social, buscando transformá-lo através da ação (Bustos, 2005).
Moreno (1978) considerava os papéis a via de comunicação da personalidade com o ambiente — o meio pelo qual o indivíduo interage.
Em nossa vida desempenhamos vários papéis (pai, filha, amiga, professor etc.), e sendo tais desempenhos uma experiência interpessoal, eles requerem sempre um papel complementar, ou contrapapel, que os influenciará mutuamente (Bustos, 2005).
Um dos objetivos do Psicodrama como método é o desenvolvimento da espontaneidade, considerada por Moreno (1978) como a capacidade de reagir adequadamente às situações, com respostas inéditas em situações novas e renovadoras em situações já familiares.
A resposta adequada, para o autor, é um fragmento do papel que se ajusta a uma situação.
Espontaneidade é considerada um catalisador psicológico, servindo como guia para a pessoa avaliar quais emoções, pensamentos e ações são mais apropriados naquele momento.
💕 Benefícios Terapêuticos
Um bom trabalho psicoterápico traz uma participação mais ativa e positiva da paciente durante o tratamento.
Estudos evidenciam que, quando a paciente encontra-se mais participativa durante o tratamento, há menor probabilidade do surgimento de intercorrências clínicas e psicológicas no mesmo.
Dessa forma, a relevância do profissional de psicologia não só dentro de um ambiente hospitalar, mas em toda a rede ligada à saúde, é evidente — auxiliando em um melhor tratamento, uma melhor reabilitação e, consequentemente, uma melhora na saúde mental e psicológica dos usuários da saúde, dos profissionais e da população.
📚 Referências
Bustos, D. M. (2005). O Psicodrama: Aplicações da técnica psicodramática. São Paulo: Ágora.
Gimenez, M. G. (Org.) (1997). A mulher e o câncer. São Paulo: Editorial Psy; p. 325.
Kübler-Ross, E. (1998). Sobre a morte e o morrer. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes.
Silva, L. C. (2008). Câncer de mama e sofrimento psicológico: Aspectos relacionados ao feminino. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 231–237.
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